Maternidade S.A.: O Produto que Já Vem com a Culpa Embutida

Alguém precisa dizer: a maternidade é o produto com a propaganda mais enganosa da história. Prometem um comercial de margarina em loop eterno e te entregam um filme de terror psicológico dirigido pelo estagiário do David Lynch.

A gente precisa fazer um recall da linguagem que usamos. É um software cheio de bugs.

BUG #1: A Função “Dar à Luz™”

O nome é lindo. “Dar à luz”. Parece um ritual xamânico pra alinhar os chakras. Mas a experiência real está mais para uma cena deletada de “Alien”, onde você é a protagonista e o monstro sai da sua barriga. E o pior: depois você tem que alimentá-lo. “Dar à luz” é o nome que a gente dá pra um evento que deveria se chamar “Sobrevivi ao Exorcismo e Ganhei um Inquilino Barulhento”.

BUG #2: O Aplicativo “Amor Incondicional®”

Vem pré-instalado. É aquele amor que te faz perdoar o pequeno ser humano que acabou de usar seu diploma de engenharia como guardanapo. É o que te impede de vender para um circo a criança que descobriu como gritar em uma frequência que só quebra vidros e a sua sanidade mental. Não é “incondicional”, é uma forma de Síndrome de Estocolmo com glitter.

BUG #3: A Atualização “Guerreira 2.0”

Este é o patch de correção que a sociedade lança quando você está exausta, deprimida e vivendo à base de café e ódio. Em vez de consertar os problemas (falta de apoio, palpites, carga mental), eles apenas mudam seu título. “Você não está esgotada, você é uma guerreira!”.

Ótimo. E o que eu ganho com isso? Uma medalha imaginária e o direito de sofrer em silêncio? Ser chamada de “guerreira” é como o governo te dar um tapinha nas costas depois de aumentar seus impostos. Não ajuda, só irrita.

Então, vamos direto aos “Termos e Condições” que ninguém lê:

  • Paz? Esqueça. Seus próximos anos serão a trilha sonora de um desenho animado caótico.
  • Corpo? Era seu. Agora é um misto de parquinho, restaurante e travesseiro.
  • Dinheiro? Hahahahaha. Boa piada. Próxima.
  • Recompensa? Sim. Um sorriso banguela às 6 da manhã que, por algum motivo químico, te convence a não abandonar o barco.

A verdade é que a maternidade é brutal, hilária, linda e apavorante. Tudo ao mesmo tempo. É muito complexo pra ser resumido em frases de para-choque de caminhão.

Da próxima vez que encontrar uma mãe, pule a parte da “guerreira”. Ofereça um café, um chocolate ou 15 minutos de silêncio absoluto. Acredite, vale mais que qualquer elogio. É um suporte técnico de verdade.

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